Wednesday, April 11, 2007

OS MILAGRES E A CIÊNCIA

O 13 de Maio já aí vem e inevitavelmente voltar-se-á a falar de milagres e de promessas a cumprir para pagamento de intervenções divinas. No espirito de muitos a questão é pacífica e resume-se a uma espécie de comércio de favores: Deus satisfaz o pedido e recebe em troca dinheiro, géneros ou sofrimento. Mas para mim há outras questões que merecem alguma atenção e que raramente são faladas e muito menos discutidas. Por exemplo, se Deus resolvesse curar um cancro, de que modo se processaria a intervenção divina? Seria necessário algum acessório e a presença de intermediários ou o Senhor agiria directamente? Os resultados surgiriam logo ou seria necessário um tratamento prolongado? Sabe-se como actuam a quimioterapia e a radioterapia mas como funcionará a teoterapia? A centelha divina manifesta-se ao nivel atómico, molecular ou celular? Questões como estas sugerem que se devia considerar a ideia de criar uma teociência que explicasse como é que Deus intervem neste mundo e de que modo a sua actuação pode ou não violar as leis da fisica ou alterar o funcionamento dos normais mecanismos biológicos. A satisfação de promessas, por outro lado, abre um campo riquissimo de reflexão que não devemos deixar em claro. E aqui os exemplos multiplicam-se à saciedade. Desde a conquista de campeonatos até à concretização de paixões passando pela entrada na faculdade ou sucesso na obtenção de emprego, há todo um universo que se agita em resposta às preces dos crentes e às intervenções arbitrárias do Criador e que merecia ser estudado pelo Vaticano. Não é isso que eles fazem com os milagres?

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